Antes de exemplificarmos o valor dos Custos das Mercadorias Vendidas (CMV), precisamos destacar uma informação importante que é sobre o chamado Diferencial de Alíquota de ICMS.
- Em SP, na tentativa de se igualar condições com fornecedores de Estados vizinhos, existe uma Lei onde obriga o Contribuinte Paulista ao comprar mercadoria de outro Estado, recolha a diferença de alíquota praticada no Estado de origem e a praticada aqui em SP.
Exemplo:
Supondo que sua empresa compre R$1.500,00 de mercadorias de um outro Estado e que neste Estado a alíquota do ICMS seja de 12% e aqui em SP a alíquota para esta mesma mercadoria seja de 18%, a diferença a ser recolhida de ICMS será de 6% sobre o custo do Produto, ou seja, R$90,00 (R$1500,00 x 6%), portanto o Custo total desta mercadoria será de R$1.590,00.
Agora vamos nos aprofundar nos demais custos que devem ser considerados para a formação do preço de venda a ser praticado, tais como, as despesas fixas que são os gastos que acontecem independentemente de ocorrer ou não vendas na empresa.
Despesas fixas
Os gastos mais comuns neste caso são:
• aluguel;
• IPTU;
• salários;
• encargos sobre salários (férias, 13º salário, FGTS, rescisões contratuais);
• contas de telefone, água e energia elétrica;
• contador;
• material de escritório (notas fiscais, impressos etc.);
• embalagens;
• manutenções: do prédio, de vitrines, de equipamentos e veículos etc.;
• propaganda (ainda que feita só de vez em quando);
• despesas bancárias;
• serviços de apoio e proteção ao crédito;
• Associação Comercial e sindicatos;
• treinamento dos funcionários e do empresário, etc.;
• remuneração do sócio (este item deve ser considerado no final, em função da possibilidade da empresa pagar. Aqui no site, temos um comentário a respeito).
De posse destas informações, será possível apurar as seguintes informações:
• quanto esses gastos representam do valor das vendas;
• definir quanto será preciso vender ao menos para pagar as despesas fixas. Também conhecido como ponto de equilíbrio;
• rever sempre qual é a melhor condição para a empresa, relativa aos valores totais de despesas fixas;
• saber exatamente quanto o volume total vendido no mês apresentou de resultado e se isso foi lucro ou prejuízo;
• e por último, considerar no preço de venda, juntamente com os custos das mercadorias, um valor que contribua para pagar as despesas fixas.
Como distribuir as despesas fixas no preço do produto
Existem alguns caminhos para se chegar a estes números, mas vamos indicar o que parece ser mais apropriado para pequenos comércios:
1º) Distribuir (ratear) as despesas fixas no custo, utilizando como base o volume de vendas. Portanto, é preciso apurar quanto as despesas fixas representam das vendas. Isso é feito assim:
Total das Despesas Fixas ÷ Total das Vendas x 100.
Essa conta indica o % que as despesas fixas representam das vendas. Quando aplicado sobre o preço de venda, encontra-se o valor em R$ que poderá ser somado aos demais custos e despesas para se chegar ao custo total das mercadorias. O ideal é fazer este calculo considerando as despesas fixas e total de vendas anual, para assim já estar embutido as sazonalidades do período.
Vamos ver um exemplo:
Valor total das Despesas Fixas (anual) = R$ 36.000,00
Valor total das Vendas (anual) = R$ 240.000,00
Despesas Fixas sobre as Vendas = (R$ 36.000,00 ÷ R$ 240.000,00) x 100
Despesas Fixas sobre as Vendas = 15 %
Esse percentual encontrado indica quanto deverá ser considerado no Preço de Venda da Mercadoria para ajudar a pagar as Despesas Fixas. Porém, por questões de concorrência de preços, pode ser que se tenha que aplicar mais em algumas mercadorias e menos em outras.
Assim:
Preço de Venda = Valor de Custo da Mercadoria + % das Despesas Fixas sobre Valor de Custo.
Para exemplificar esse cálculo, vamos usar o valor de custo da mercadoria exemplificada no começo da página.
Mercadorias | Valor de custo das mercadorias | Valor das despesas fixas | Cálculo | Valor do custo + Despesas fixas | Cálculo |
Com diferencial de alíquota | R$ 1.590,00 | R$ 238,50 | 15% de R$ 1.590,00 | R$ 1.828,50 | R$ 1.590,00 + R$ 238,50 |
Sem diferencial de alíquota | R$ 1.500,00 | R$ 225,00 | 15% de R$ 1.500,00 | R$ 1.725,00 | R$ 1.500,00 + R$ 225,00 |
Não é bastante lembrar que este exemplo acima é bem simples e apenas objetiva dar uma diretriz de como se chegar aos verdadeiros custos de sua empresa. O ideal é ter todos estes números em mãos para que o cálculo seja o mais real possível, não prejudicando assim a avaliação correta dos respectivos preços a serem praticados na venda.
Investimentos – Como distribuir nos custos
Após avaliado os itens acima, outro item também importante a destacar, além das Despesas Fixas, é pensar nos investimentos realizados na aquisição de equipamentos, móveis, veículos, computadores, instalações, etc. São investimentos que a empresa não faz todos os meses e que na verdade usa por vários anos.
Desses investimentos, já pagos ou ainda a serem pagos, também é necessário apurar o valor mensal, que será considerado como a Depreciação, o valor relativo ao desgaste pelo uso. O valor da Depreciação mensal deve ser somado com o total das Despesas Fixas para ser aplicado ao custo total das mercadorias.
Mas por que isso é preciso? Para ter nos preços de vendas um valor que possibilite a reposição desse investimento quando já estiver sem condições de uso. Uma forma de encontrar o valor da depreciação é levar em consideração três informações, que veremos a seguir.
As três informações necessárias para saber a Depreciação são:
• Valor de Aquisição do Bem - é o valor efetivamente pago por ele.
• Valor Residual - é o valor que alguém está disposto a pagar (no caso de ser vendido mesmo estando usado).
• Tempo de Vida Útil do Bem - é o tempo estimado, em meses, de duração do bem.
Tendo essas três informações chegamos ao valor da depreciação da seguinte forma:
(Valor do Bem (-) Valor Residual) ÷ Tempo de Vida útil em meses.
• primeiro subtraia do Valor do Bem o Valor residual, depois divida o resultado encontrado pelo tempo de vida útil em meses e obtenha o valor da depreciação.
Exemplo:
Valor de Compra de um veículo novo = R$ 16.000,00
Tempo de Vida Útil = 60 meses (5 anos)
Valor de Mercado para esse mesmo Veículo quando com 5 anos de uso = R$ 5.000,00
Valor da Depreciação Mensal = (16.000,00 - R$ 5.000,00) ÷ 60 meses
Valor da Depreciação Mensal = R$ 11.000,00 ÷ 60 meses
Valor da Depreciação Mensal = R$ 183,33
Esse é o valor que as vendas tem que ajudar a fazer sobrar no caixa da empresa para que seja possível trocar o veículo ao final dos 60 meses.
Portanto, estes valores deverão ser somados ao total das despesas fixas mensais para ser aplicado aos custos demonstrados no quadro exemplificativo acima. Fazendo com que os valores fiquem assim:
Mercadorias | Valor de custo + Despesas fixas | Valor da depreciação mensal | Cálculo | Valor total do custo + Despesas fixas + Depreciação mensal |
Com diferencial de alíquota | R$ 1.828,50 | R$ 183,33 | R$ 1.828,50 + R$ 183,33 | R$ 2.011,83 |
Sem diferencial de alíquota | R$ 1.725,00 | R$ 183,33 | R$ 1.725,00 + R$ 183,33 | R$ 1.908,33 |
Despesas variáveis
São os valores gastos quando se realiza vendas. Normalmente são considerados como despesas variáveis os impostos sobre a venda e a comissão de vendedores. Porém, em cada empresa comercial, é preciso avaliar, dos valores gastos, aqueles que são pagos em função do valor da venda e considerá-los despesas variáveis.
Por exemplo: Taxa de administração sobre as vendas realizadas através de cartões de crédito/débito.
Controlar e saber destes valores permitem ao empresário:
• estabelecer melhor os preços de vendas das mercadorias;
• completar o entendimento e o conhecimento sobre o valor total de custo de suas mercadorias.
• apurar melhor o ganho bruto que está tendo na venda de cada mercadoria;
• apurar com maior precisão os resultados obtidos das vendas totais, se lucro ou prejuízo;
• negociar com maior segurança possíveis descontos nos preços em determinadas situações especiais de vendas.
Como colocar as Despesas Variáveis nos custos das mercadorias?
Para saber o valor das Despesas Variáveis e considerá-lo no custo total das mercadorias, é preciso antes saber o preço de venda da mercadoria ou o valor das vendas realizadas. Isso porque as Despesas Variáveis, conforme explicado, normalmente representam um % do valor de venda.
Exemplificando:
Para sabermos o valor das Despesas Variáveis das mercadorias A e B, adotaremos um valor de Preço de Venda das mercadorias. Reforçamos que só é possível encontrar o valor em R$ das Despesas Variáveis após saber os Preços de Vendas das Mercadorias.
Preço de Venda = R$2.500,00
Sobre o preço de venda dessa mercadorias tem que ser pago:
- Impostos sobre venda e/ou faturamento: = 4%
A alíquota considerada neste exemplo é a alíquota inicial do Simples Nacional, a qual é variável de acordo com o faturamento acumulado nos últimos 12 meses do ano. Aqui no site em “Tabelas práticas” temos as tabelas completas com todas as alíquotas do Simples Nacional.
- Comissão de Vendedores: 3 %
- Taxa de administração de cartão de crédito/débito: 3,5%
Considerando estas despesas variáveis, teremos um total de 10,50% de Despesas Variáveis, que são pagas quando a venda é realizada.
E isso, no preço de venda exemplificado acima, teremos:
Despesas variáveis = R$262,50, ou seja, (10,50% de R$2.500,00)
Com estas informações, agora temos o valor total do custo de cada mercadoria, conforme separação que propusemos para o custo total, ou seja, valores de:
- Custos das Mercadorias.
- Despesas Fixas.
- Despesas Variáveis.
Valores esses que apuramos anteriormente e que para cada mercadoria é de:
Mercadorias | Valor total do custo + Despesas fixas + Depreciação mensal | Despesas variáveis | Cálculo | Custo total da mercadoria |
Com diferencial de alíquota | R$ 2.011,83 | R$ 262,50 | R$ 2.500,00 x 10,50 % | R$ 2.274,33 |
Sem diferencial de alíquota | R$ 1.908,33 | R$ 262,50 | R$ 2.500,00 x 10,50 % | R$ 2.170,83 |
Praticando estes exercícios em sua empresa, você consigará ter os custos da empresa e os custos das mercadorias vendidas que podemos assim resumir:
+ Valor de Custos das Mercadorias
+ Proporcional do Valor das Despesas Fixas (% sobre as vendas)
+ Despesas Variáveis da Venda (% dos impostos, % das comissões, taxa de administração de cartão/débito, etc.)
= Custo Total da Mercadoria
IMPORTANTE:
Lembre-se dos momentos de quedas das vendas, os períodos em que o volume de vendas da empresa fica abaixo do normal. Esteja atento para isto, pois nos meses em que as vendas são normais em quantidade e valor, devem contribuir para pagar todos os custos do mês e ainda proporcionar sobra suficiente de recursos financeiros para ajudar a pagar os custos dos meses em que as vendas diminuem.
Fonte pesquisada: Sebrae